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Capítulo 12
(Tyler)
“... Pensava também em meu pai e em meu irmão; deveria eu deixá-los, com minha covarde deserção, desprotegidos e expostos à maldade do demônio que eu largara á solta entre eles?”
Alguém bateu na porta do quarto. Fechei o livro que estava lendo – Frankenstein, Mary Shelley – e suspirei, pensando. Eu tinha acabado de comer, então não seria Maria ou Noel. Só podia ser aquela patricinha.
Afinal de contas, o que ela queria comigo aqui? Ela realmente achava que eu tinha caído no papinho da minha mãe de ficar aqui para a minha segurança? Eu, que sempre cuidei de mim sozinho desde que meu pai foi embora? Francamente.
Apesar de que, fazia quase um mês que eu estava aqui e depois daquela primeira vez a garota – Leah, o nome dela. – não tinha voltado a me encher o saco.
Lembrei-me das nossas últimas palavras na nossa discussão.
“O que eu posso fazer para você acreditar que eu sou legal?”
“Você pode sair daqui.”
E realmente, contrariando as expectativas, ela foi embora.
E fora muito... Gentil – eu acho – da parte dela atender meu pedido.
O que só me deixava mais confuso.
O que ela queria comigo?
– Tyler? Sou eu, Noel. Posso entrar? – a voz grave de Noel entrou bem vinda em meus ouvidos, me fazendo sentir aliviado ao ver que era só ele e não a garota.
Não sabia qual era o jogo dela, mas não estava disposto a jogar. Levantei da poltrona e abri a porta.
– Noel? Tudo bem?
Noel era um cara legal, humilde e paciente. Ele tinha tido metade do rosto queimado – e desfigurado – num incêndio quando era criança. Eu já tinha visto piores. Mas Noel era bom demais por dentro para que sua aparência fizesse diferença.
– Sim. Queria conversar sobre uma coisa com você.
Sinalizei para que ele se sentasse na poltrona, me sentando na ponta da cama.
– Que coisa? – puxei um fio solto do meu cobertor. Mesmo sendo verão eu gostava de dormir com cobertor, porque boa parte do tempo eu dormia de moletom ou só de cueca.
– Você gosta de flores?
Quê?
Franzi a testa, confuso.
– Flores como essas? – apontei para o vaso de cristal ao lado do computador com uma bela rosa amarela, suas pétalas claras e enormes. – Sim, gosto. Me fazem lembrar de quando eu era criança e meu pai comprava flores para minha mãe.
Na época feliz da minha vida.
Sorri com a lembrança.
Meu pai jamais permitiria que minha mãe me desse assim á um estranho. Ou talvez, permitiria – quem sabe? – já que ele pouco se importava com nós dois.
Noel também sorriu, nostálgico, provavelmente pensando no que flores o faziam lembrar.
– Você gosta de jardins, também?
Assenti, lembrando do jardim que tínhamos em casa na época boa.
Onde ele queria chegar com essas perguntas?
Mas como Noel não disse nada, resolvi mudar de assunto antes que eu começasse a ficar com raiva outra vez do meu pai por ter ido embora e feito minha mãe ficar assim. Meu óculos escorregou para a ponta do nariz.
– Noel? Posso perguntar algo?
– Sim?
– Quando eu vou poder ir embora? – perguntei o que não saía da minha mente. – Quer dizer, por mais quanto tempo eu vou ter que ficar aqui?
Ele suspirou, pesaroso.
– Você realmente quer sair, não é?
– Eu não quero ficar preso nesse quarto. – já estava me dando nos nervos ficar ali.
– Você pode sair quando quiser. – ele deve ter visto a minha expressão confusa. Podia sair quando eu quisesse? – Do quarto, quero dizer.
– Ah, certo. – meu rosto caiu. Por uma fração de segundo juro que acreditei estar livre para voltar para casa.
– Vá ao jardim, respirar ar puro um pouco. – aconselhou. – Vai ser bom. O jardim é lindo, tenho certeza de que você vai gostar.
– Tudo bem então. Já desço.
– À vontade.
Se o jardim era o máximo fora daqui que eu conseguiria chegar, então tudo bem.
Era estranho sair do quarto. Mesmo contra a minha vontade – e o meu gosto –, como ficava o tempo inteiro no quarto, tinha adaptado ele como a minha casa, e sair dele era como ir a uma outra casa completamente diferente.
Fechei a porta do quarto e desci as escadas vagarosamente, prestando atenção no quanto a mobília era antiga, quase nada moderno. Quase do jeito que eu gostaria de decorar a minha casa, quando tivesse uma. Maria tirava o pó da estante ao lado do sofá da sala quando passei. Ela sorriu e acenou.
– Bom vê-lo fora do quarto, Tyler.
– É. – sorri de volta. Ela era uma senhora gentil com o sotaque mexicano.
Abri as portas dos fundos e sorri ao ver o sol brilhando, os raios UV já penetrando na minha pele. A claridade me cegou por alguns minutos.
Olhando em volta, percebi que me encontrava no jardim mais bonito que já vira em toda a minha vida. Árvores frondosas, a grama verde e bem aparada, flores de várias espécies por toda a parte, nem uma sequer feia. No meio do jardim, uma fonte que eu não conseguia ver da janela do quarto com um anjo segurando um jarro, a água fluindo calma do jarro até a bacia embaixo, um barulho calmo e aconchegante. No fim do jardim, uma estufa de vidro.
As portas estavam abertas, então resolvi olhar lá dentro também.
Havia uma série de vasos com rosas, tulipas, margaridas, crisântemos, lírios e outras, mas principalmente rosas de todas as cores imagináveis. Um dos vasos estava repleto de rosas amarelas como as do meu quarto. Alguns bancos estavam encostados nas paredes.
Ouvi passos vindos detrás de mim. Virei-me e me deparei com algo que jamais imaginaria ver na vida.
[Continua...]
2 comentários:
BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUA!
Camilla!!!! Sua Chata!!!!
):
O Tyler...
ele disse que virou e se deparou com algo que nunca imaginou ver na vida. Ou seja, ele achou ela feia, monstruosa!
Tadinha, Camilla!!!
Vc é mal!!!
E Agora, meu Deus?? Oq vai acontecer?
Será q ele se assustou?
AI MEU DEUS!
ATÉ QUE ENFIM ELES SE VIRAM!!
ATÉ Q ENFIM!
ALELUIA! \o/
kkkkkk! Eu não sou malvada! Calma!
Aleluia mesmo né!
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