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domingo, 24 de julho de 2011

Monster - Capítulo 15

Desculpa gente, eu esqueci de programar o capítulo de hoje, mas aqui tá ele! Boa leitura.
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Capítulo 15
(Tyler)

Depois da janta, Maria serviu um chá para mim e Leah em uma outra sala, menor. Lá fora chovia horrores, uma tremenda tempestade que trouxe uma frente fria forte em pleno verão. Forte o suficiente para que a lareira fosse ligada.
Leah e eu estávamos sentados no chão, envoltos em nossas mantas e tomando nossos chás, entretidos em uma animada conversa sobre o meu assunto favorito: livros.
– Então, quantos livros você já leu? – perguntei, vendo seu sorriso sob a luz alaranjada do fogo.
– Hum... Eu não me lembro qual foi o último. Faz muito tempo.
– Você não gosta de ler. – soou mais como uma pergunta, mas era uma constatação.
– Não, eu gosto de ler. Só que faz tempo que eu não leio nada, então não sei ao certo o que escolher.
– Bem... – pensei um pouco, pensando no livro ideal para ela. – Tem romance, como Crepúsculo, mais ação como Harry Potter, um mais sombrio como O Fantasma da Ópera...
– O Fantasma da Ópera? – perguntou, interessada.
– É a história de um homem que tem o rosto desfigurado e que se esconde nos subsolos da ópera de Paris. E ele se apaixona pela cantora...
– Parece bom. – ela tomou um gole do seu chá, devagar.
– Tem um filme de 2004, mas é meio ridículo. É uma adaptação do livro, uma bem besta. – na minha opinião eles fizeram com que o Fantasma parecesse uma vítima sofrida invés de um assassino psicopata.
– Filme?
– É – pensei um pouco. – Tem o DVD e o livro lá em cima, a gente pode ver se você quiser.
– Pode ser. – ela sorriu.
– Um momento.
Fui até o quarto e quando desci havia mais chá em nossas xícaras e a televisão estava ligada. Joguei o livro na sua direção e coloquei o DVD no aparelho.
– Prepare-se para o ridículo. – ri. Ela riu comigo. O filme começou.
Enquanto o filme passava, observei Leah pelo canto dos olhos. Ela sorria. Suas cicatrizes não pareciam tão sombrias na luz do fogo.
Ainda sentia o impulso de abraçá-la e confortá-la. Ela era meio como eu. Fora abandonada pelos pais.
Quando o filme acabou, mostrei a ela o livro que estava lendo: Frankenstein.
– Posso ver? – Leah perguntou, estendendo a mão para mim. Entreguei o livro a ela.
– Tem cartas no começo da história. – apontei.
– Eu nunca recebi uma carta. – ela suspirou, lendo alguns trechos das cartas em voz baixa.
– Eu adoraria receber uma. – confessei, pensando no meu pai. Ele poderia escrever de vez em quanto.
– “Não tenho um amigo, Margaret.” – leu em voz alta, olhando para mim. – “Quando eu estiver tomado pelo entusiasmo do sucesso, não terei ninguém com quem compartilhar a minha alegria; se me assedia a decepção, não haverá ninguém para me amparar em meu desalento.” – Leah sorriu.
Peguei o livro da sua mão e recitei, olhando em seus olhos:
– “Decerto confiarei meus pensamentos ao papel; mas esse é um meio insatisfatório para comunicar a emoção.” – empurrei o livro para ela.
– Não vale, você leu menos! – Leah riu. O som era interessante e acalentava meu coração, fazendo a vontade de confortá-la diminuir.
– Tudo bem. – inspirei fundo. – “Anseio pela companhia de alguém que possa partilhá-la comigo, cujo olhos respondam aos meus.
Parei e olhei nos olhos dela, vendo como Leah parecia bem melhor do que no dia em que nos conhecemos.
– Você gostava de ir a escola? – ela perguntou, tomando o livro das minhas mãos.
– Bastante. – a escola costumava ser o meu refúgio.
Ela pensou um pouco.
– Noel pode dar aulas para nós. Ele veio aqui para isso, afinal.
– Amanhã? – sorri, gostando da ideia já que eu não podia sair dali.
– Amanhã. – fez uma pausa e voltou ao livro. – “Você pode me julgar romântico, minha cara irmã, mas...
As horas foram passando rápido, Leah e eu nos revezando na leitura de Frankenstein desde o inicio. Já tínhamos passado do meio do livro. Nunca tinha feito algo mais agradável do que aquilo: estar enroscado em um cobertor com o fogo da lareira me aquecendo, lendo.
E nunca fizera isso com uma garota.
– “Assim que ele terminou, o rapaz começou não a tocar, mas a imitir sons que eram monótonos, e não se assemelhavam nem à harmonia do instrumento do velho nem ao canto dos pássaros; depois saberia que ele estava lendo em voz alta, mas então eu nada sabia da ciência das palavras ou das...” – interrompi a leitura. Leah se mexeu, ao meu lado, e deitou a cabeça no meu ombro. Ela se aconchegou, abraçando meu braço. Olhei atentamente, confuso.
Ela tinha pegado no sono.
Fechei o livro e levantei com cuidado, pegando Leah no meu colo e levando-a para o quarto.
Dormindo nos meus braços, ela parecia um anjo, mesmo com o rosto estranho e cheio de cicatrizes. Leah sorriu, inconsciente. Afastei a franja do seu rosto e contemplei seu sorriso.
– Tyler? – ela abriu somente um olho enquanto subíamos as escadas até o terceiro andar.
– Shh... Durma. – pedi. – ela fechou os olhos.
Abri a porta do seu quarto com o corpo e a deitei na cama. Seu espelho da penteadeira estava todo trancado, talvez de propósito.
Puxei a coberta sobre seus ombros e me afastei.
Antes de fechar a porta, notei algo.
Era a primeira vez que eu não sentia o ímpeto de parar sua dor. Eu sentia como se não tivesse dor.

2 comentários:

Palloma disse...

Nossa... Dei muitos suspiros nesse capítulo. Imaginando como Tyler fora carinhoso com Valy...
Estou mt feliz que eles estão se dando bem. Terão até aula juntos.
..."Leah se mexeu, ao meu lado, e deitou a cabeça no meu ombro. Ela se aconchegou, abraçando meu braço. Olhei atentamente, confuso. Ela tinha pegado no sono."
Aiai...♥
A melhor parte.

Cassy disse...

kkkkkkkk Eu suspirei horrores com essa parte tb <3