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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Monster - Capítulo 1 parte II

Gostaram da parte I? Então vão adorar essa. Boa leitura, amanhã tem mais!
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PARTE II:
Aceite as consequências? O que ela queria dizer com isso?
Trace ficou com os olhos focados em mim por mais cinco segundos e depois apenas sorriu. Dei um passo para trás, me sentindo incomodada com o seu olhar.
– Vamos dançar. É a última dança. – Honor me conduziu para baixo. Muitas pessoas nos cumprimentavam pelo prêmio de rei e rainha e outros disseram coisas como: “Ótima lição você deu na esquisitona!” “Pôs ela no lugar, hein, Valy!”
Apenas lancei um sorriso para todos, dirigindo-me para o meio da pista de dança, incomodada com o olhar que aquela bruxa lançara para mim.
– Você viu como ela olhou para mim?! – berrei para Honor, inconformada.
– Deixa a bruxa pra lá! – ele me puxou para perto, dançando, se esfregando em mim na verdade.
Quando a música acabou, entramos na limusine dele e fomos para a sua casa.
– Tem certeza de que seus pais vão ficar fora o fim de semana todo? – perguntei, me sentindo um pouco zonza e com a cabeça doendo.
– Sim. – Honor sorriu, beijando meu pescoço e me conduzindo para seu quarto.
Em certa hora da noite, acordei suando, minha cabeça explodindo e a visão turva. Acho que bebi demais na festa. Meus olhos vagaram pelo quarto de Honor – que estava dormindo ao meu lado. De relance, vi olhos amarelos me fitarem do lado de fora da varanda, passando pelo vidro e pela cortina fina de seda. Os olhos de Trace. Olhei de novo, alarmada, mas não parecia haver nada lá. A cortina balançou um pouco, me fazendo ver a varanda arejada. De repente me pareceu uma boa ideia tomar um pouco de ar.
Quando me levantei, podia jurar ter visto os olhos daquela bruxa me fitando mais uma vez.
Eu estava tendo alucinações.
O que tem de errado comigo?
Com cuidado para não acordar Honor, levantei-me e vesti o roupão longo de seda que estava lá para mim e abri as portas, indo para a varanda.
O ar da madrugada me fez bem, refrescando minha pele suada. Fechei os olhos e senti a brisa nos meus cabelos.
– Como se sente, Valerie? – uma voz feminina surgiu detrás de mim.
– Trace! – gritei, cobrindo a boca com a mão. Meu grito provavelmente deveria ter acordado Honor.
Era oficial. Eu estava delirando.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei, me apoiando na grade da varanda, o mais longe daquela bruxa o possível. Agora ela mostrava o seu cabelo loiro quase branco caindo desordenado pelos ombros, emoldurando seu corpo gordo com um vestido branco enorme e sem classe.
– Eu estou aqui em nome de todas as piranhas e esquisitonas. – ela se aproximou de mim, sua voz num sussurro penetrando meus pensamentos. Seus olhos brilhavam de uma forma assustadora. Minha cabeça tombou de lado.
– Não entendi. – resmunguei franzindo a testa. Eu estava sonhando.
– Em breve você vai. E vai entender como é ser uma aberração.
Ela andou até mim.
– Tem um ano para encontrar alguém que possa ver além do seu exterior. Um ano para achar alguém que a ame. Antes da última pétala da rosa cair. – ela pegou minha mão contra a minha vontade e no meu pulso apareceu um desenho, como uma tatuagem, de uma rosa vermelha tão viva que eu parecia poder tocá-la e sentir suas pétalas.
– Quando a última pétala cair, será o fim. Ficará assim para sempre. – ela segurava um espelho grande na mão.
Era um sonho, claro. Então o que eu poderia fazer para acordar?
– Assim como? – minha voz falhou, engolindo em seco. Trace sorria como quem diz: “Perdedora!”. Um sorriso que normalmente eu usava.
Trace saiu da minha frente, desbloqueando a minha visão. No reflexo da porta de vidro da varanda do quarto de Honor, havia uma garota, um monstro na verdade. Uma garota de cabelos pretos caídos em ondas desordenadas e sem brilho algum, os olhos castanhos escuros, sombrios. Mas o mais horrível de tudo eram as cicatrizes por todo o rosto, pescoço e braços – talvez o corpo inteiro –, muitas cicatrizes com formas estranhas, como várias raízes de árvores rodando por todos os cantos, cicatrizes pretas e escuras, outros de um roxo azulado como veias e outras vermelho-sangue como se um tatuador tivesse cortado o corpo da garota e usara seu sangue como tinta.
Ela era horrível.
Deixei um grito escapar pela minha boca ao ver tal aberração tão perto de mim. A monstra no reflexo também gritou, me imitando.
Reflexo...
Então eu entendi.
– NÃO! – gritei.
A garota no reflexo do vidro era eu. Eu. Meu rosto, cheio de cicatrizes profundas.
Eu era um monstro.
– Trace! Por favor, eu entendi! Eu nunca mais vou humilhar ninguém! Eu prometo! Me faça voltar ao normal!
Trace apenas sorriu.
– Tão estranha por fora como por dentro. – ela sorriu.
– Não! Não! Espere! – voltei a me fitar no vidro, não acreditando. Toquei meu rosto, e a textura da minha pele era áspera, como rugas como uma velha de quase cem anos. Minhas sobrancelhas tinham desaparecido também, substituídas por pele e as palavras, como cicatrizes também, “Aceite” em uma e “Consequências” em outra. Quando me virei, Trace havia desaparecido. Seu espelho estava no chão, virado.
– Não! – meus olhos, tão sombrios, ficaram marejados.
Vi no reflexo uma lágrima escorrer pela minha bochecha.
– Valy? – a voz de Honor surgiu da porta.
“Tem um ano para encontrar alguém que a ame” “Ficará assim para sempre.”
– Não! – berrei, sentando no chão e escondendo a cabeça nos joelhos.
– Valy? – ele parecia preocupado. Ouvi seus passos se aproximando. – Valy, o que foi? – sua mão encostou no meu ombro.
– TIRE A MÃO DE MIM! – gritei, levantando a cabeça e fitando-o com os meus olhos vermelhos e inchados.
Honor arregalou os olhos ao me ver, fazendo-me chorar ainda mais.
– Quem é você?! – ele berrou, inconformado.
– Honor, sou eu! Valerie! Sou eu!
– O que você fez com a minha namorada, sua monstra?
– Honor, sou eu!
“Tem um ano para encontrar alguém que a ame”
– Não! Não é a minha Valerie!
– Honor, sou eu! Escute a minha voz, sou eu! Eu posso explicar! Mas antes disso você precisa fazer uma coisa para mim.
– Valy? É você? – ele fechou os olhos por um momento, mas mesmo quando os abriu, não me olhou. Honor fitava o chão.
– Você precisa dizer que me ama. Você tem que provar que me ama e eu vou voltar ao normal! Eu prometo!
– O quê?! Não! Saía da minha casa, monstro! – ele levantou o pulso, protegendo os olhos. Entrei correndo no quarto e vesti minhas roupas, que estavam caídas no chão, peguei um casaco com capuz, dele, e fui para casa, escondendo-me nas sombras. Levei o espelho comigo.
Quem amaria um monstro como eu?

4 comentários:

Marta Maria disse...

:( que sad, man! Isso parece ser bem mais complicado para uma garota.
Tá ficando bem legal!!!!!! gostih de novo!

Palloma disse...

AMEI AMEI AMEI!!
O jeito como vc escreve transparece mt bem oq vc quer mostrar.
Parabéns. Está lindo.
Dá até gstinho de kero mais.
Tô mego curiosa...
:)

Siméia S. disse...

SDÃ~S~DÃ~S~DÃS,cara,muuito bom,gostei, :DD

Cassy disse...

Obrigada as 3 e sejam bem vindas!