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Capítulo 19
(Um Mês)
– É 15 de novembro e eu vou comemorar como uma verdadeira americana. Portanto, arrumem-se vocês dois. – Maria ordenou.
– Tudo bem. – eu e Tyler falamos em uníssono. Ele olhou para mim e sorriu.
– Eu e Noel vamos arrumar a comida, quero vocês dois devidamente vestidos com a roupa que está na cama de cada um aqui em baixo as oito. – e só eram cinco da tarde.
Maria sempre tinha levado a sério o feriado de Ação de Graças mesmo não sendo americana. Lembrei-me de quando eu era pequena e de quando meu pai ainda estava em casa. Lembro da forma como Maria fazia todos se vestirem como se fossem á um baile formal. Mesmo depois que papai se foi ela fazia questão de tudo bem arrumado e altamente formal. E acabávamos comendo o peru só eu, ela e nossos vestidos de gala, já que minha mãe sempre estava no trabalho.
Sempre achei que minha mãe se dedicou tanto ao trabalho depois que meu pai saiu de casa porque o trabalho era seu refúgio, sua válvula de escape para a dor.
Ouvi os passos de Maria marchando para a cozinha e despertei do meu devaneio cheio de lembranças. No caminho para o banho – e durante todo ele – fiquei pensando naquelas semanas que passamos na praia. Voltamos para casa porque ficou frio demais para ficar lá.
A pergunta de um milhão de dólares me assolava, girando em minha cabeça: será que Tyler gostava de mim?
Na verdade, essa era a pergunta errada. Eu sabia que ele gostava de mim. A pergunta era: quanto? Quanto ele gostava de mim?
Ele gostava de mim da mesma forma que eu gostava dele?
Eu o amava, ninguém podia contestar isso. Eu o amava mais que minha própria vida e faria qualquer coisa para que ele se sentisse assim sobre mim.
Enrolada na toalha movi-me para o quarto. Meus olhos vagaram pela penteadeira, o espelho grande quebrado por mim á muitos meses atrás. O espelho de Trace descansava ao lado da minha escova de cabelo, intacto. Peguei a escova e amarrei meu cabelo num coque frouxo. Em cima da minha cama estava um vestido preto volumoso que ia até os joelhos, sem alças. Na volta do busto estavam vários mini brilhantinhos pretos que cintilavam. Vesti-me e calcei os All Star pretos mesmo sabendo que seria capaz que Maria me matasse por usá-los. Suspirei de frente aos restos do espelho e me preparei para o que viria.
Esse 15 de novembro seria diferente. Tyler estava aqui. Mas acima disso – pensei enquanto abria a porta –, esse jantar seria tão importante quanto á ida á praia para fazer Tyler se apaixonar por mim.
Afinal, eu só tinha um mês. Alguns dias.
Achava que Tyler gostava de mim. Comecei a pensar isso naquela madrugada na praia, quando ele disse que não iria me abandonar, e logo depois segurou minha mão.
De repente, eu tinha um plano: Se Tyler gostava de mim – e eu esperava que sim desesperadamente – eu precisava fazê-lo falar. Precisava fazê-lo dizer o que sente, um beijo talvez. Então em algum momento da noite eu perguntaria á ele, e seria o fim da maldição.
Esperava que desse certo, afinal só faltavam algumas pétalas da rosa vermelha em meu pulso para cair.
– Meu Deus. – alguém sussurrou na ponta da escada.
Tyler.
Meu coração subiu a boca ao vê-lo, meu príncipe, lindo em um terno preto, o cabelo preto arrumado com gel e os óculos quadrados azuis marinhos bem limpos. Sua pele morena exalava um doce perfume de amora preta acoplado ao seu cheiro de laranja e chocolate quente. Tyler estava de – literalmente – boca aberta.
Desci as escadas lentamente, sorrindo. Tyler pegou minha mão e me fez girar, analisando meu vestido.
– Você está linda. – disse, boquiaberto.
– Você também. – mordi o lábio.
Ele me guiou até a sala de jantar onde Noel – em seu terno cinza – e Maria – usando um vestido longo verde-oliva – nos esperavam. Sentamos, lado a lado, agradecemos – agradeci por Tyler, mentalmente –, fizemos uma oração e finalmente fomos comer A mesa estava cheia: frutas, bolos, peru, macarrão com queijo e várias sobremesas.
[Continua...]
2 comentários:
AI MEU PAI DO CÉU! AAAAAAAAAI MEU PAI DO CÉU!
AI MEU PAI DO CÉU.
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